sexta-feira, 28 de março de 2008

O TOQUE NECESSÁRIO



O toque é uma espécie de avaliação que geralmente os profissionais responsáveis pela assistência ao parto fazem para perceber como está caminhando o processo de dilatação do colo durante o trabalho de parto. Outra função dada ao toque é perceber o posicionamento da cabeça do bebê e sua apresentação, quando o trabalho de parto de repente não progride.
Eu não conheço de forma aprofundada as funções do procedimento, mas o que sei é que ele é uma das intervenções para quais não há um estudo, uma evidência que justifique sua realização, seus benefícios e danos.
Eu me propus a iniciar este debate primeiro porque passei por uma experiência no meu primeiro parto que me deixou absolutamente chocada e traumatizada de tal forma que ainda guardo a sensação e a imagem do momento a que fui me submetida ao procedimento. Lembro que eu levei mais ou menos 3 a 4 toques num espaço de 4 horas de trabalho de parto, porque as 3 primeiras horas eu passei em casa. A média então foi de 1 toque por hora com sinais evidentes de trabalho de parto, contrações intensas, regulares, em intervalos curtos e ainda por cima com uma bolsa rota.
A forma como esse procedimento foi realizada, representa a forma padrão como os profissionais o realizam, mesmo sabendo ou desconhecendo, que riscos ele pode causar para esse caso específico da bolsa rota.
Essa convenção não foge aos objetivos que norteiam a maioria das intervenções que é o controle sistemático sobre o processo, a questão do trabalho produtivo em serviço do tempo, pois o parto tem que obedecer as necessidades hospitalares e dos profissionais que precisam cumprir com seu trabalho.
A minha idéia ao realizar esse debate é primeiro. Combater o ABUSO que se faz do procedimento nos hospitais, incentivar a pesquisa e o estudo sobre suas reais necessidades, formas alternativas e riscos e estimular as parturientes a conhecerem seu próprio corpo e com isso retomar o controle e a responsabilidade sobre o processo.
Eu acredito muito que quando uma mulher é encorajada a se tocar e estar em contato real com a evolução do processo isso pode ajudá-la a relaxar, entender e participar ATIVA E AUTONOMAMENTE durante todo o trabalho de parto.
Sem falar que quando ela toca no ambiente mais central da experiência ela saberá como tocar, de uma forma menos incômoda e assim qualquer informação que ela obtiver ela a saberá duma forma mais instintiva, sensível e integral.
É muito diferente o auto-toque do toque realizado por outrem.
Eu experimentei isso e pra mim não foi nada desconfortável. Nada intrusivo e me deixou bastante tranquila embora eu não soubesse como tocar, exatamente, mas eu compreendi perfeitamente como se dá o processo de expulsão do bebê e esse conhecimento é super interessante, é maravilhoso entender como se dá essa passagem.
Eu entendo que esse evento gera muita ansiedade e expectativa a todos que estão em volta, e essa é talvez a emoção mais difícil de controlar em todos.
A mulher quer saber quando tudo vai acabar.
O profissional quer saber se tá tudo fluindo.
Mas esperar é a única coisa a ser feita nesse acontecimento. Esperar é a única ação que deve ser valorizada e enfocada naquele momento.
Odent é um visionário quando diz que os equipamentos dos profissionais do parto do futuro são duas agulhas de croché, é porque isso é o que todos nós devemos perceber: que aquilo tudo tem um tempo...
E que toda intervenção só servirá para atrapalhar e gerar bloqueio em algo que fatalmente vai se desenrolar, duma forma fisiológica e natural; que a função daqueles profissionais deveria ser assistir a parturiente em suas necessidade reais.
O toque nessa experiência deveria ser um toque de alerta pra aquilo tudo. Um toque de amor, amizade, conforto, liberdade, um toque que a relaxe, a deixe mais tranquila, que deixe aquela mulher mais aberta para viver aquela experiência de parir.
Talvez o toque da massagem seja mais eficaz para que tudo flua do que o toque vaginal.
Essa preocupação exacerbada com o tempo atrapalha demais. E isso foi o que mais experimentei no meu último parto.
Pois eu não tinha contrações regulares e então imagina se tivesse um profissional no ambiente, fazendo toque de hora em hora e constatando que o processo não estava evoluindo dentro de um tempo limite que é um padrão totalmente seu?
Ele ia começar todo o terrorismo pra eu ir pro hospital e eu iria terminar numa cesárea “se desse sorte”.
E eu entendia isso muito bem, porque por mais alternativo que o profissional seja é difícil romper com o tempo institucional. Por isso eu evitei ao máximo a presença de uma parteira durante o trabalho de parto, mas eu desaconselho a parturiente que queira fazer algo parecido ser se sentir segura e capaz de assumir a s conseqüências dessa postura.
Eu acho que é legal como pré-requisito já ter tido um filho e lido bastante sobre tudo. Isso já dá uma segurança básica.
Bom eu aguardo todos vocês na comunidade NÃO ME TOQUE do orkut, para dialogar, compartilhar e aprofundar a discussão desse “tenebroso” procedimento. hahaha
vamos transformar isso num movimento e porque não?
e postem informações.
Aline de Andrade

terça-feira, 25 de março de 2008

MÃE TERRA ZINE - ON LINE

aqui vai o zine no original, o primeiro zine de parto natural do país (eu acho, rs). É pra quem quizer imprimir e divulgar. Vale lembrar que ele é uma produção independente sem vinculação ideológica com nenhuma instituição.

aline de andrade

Semana mundial pelo respeito ao nascimento 2008 a gente apoia essa ação!!!


A iniciativa nasceu na França em 2004, projeto da AFAR - Aliança Francesa para o Nascimento Respeitado. O tema da Semana Mundial pelo Respeito ao Nascimento SMRN 2008, que será de 12 a 18 de maio, é "A inutilidade da separação da mãe e/ou pai do bebê” com o slogan “o bebê é nosso”.

A separação rotineira das mães dos seus bebês após o parto é uma realidade cruel em nossas maternidades apesar das recomendações da OMS para que realizem o contato pele a pele, entre mãe e filho, dando apoio ao início da amamentação na primeira hora do pós- parto. Essa semana se propõe a discutir porque essa prática acontece e se existem evidências que justifiquem esse procedimento, bem como divulgar a fisiologia do parto para que as pessoas compreendam os mecanismos que estão atuando durante a experiência única de parir e nascer e seus impactos quando esse momento não é respeitado.
Na França os organizadores procurarão difundir um documento elaborado por vários estudiosos que é um consenso do que seja um parto normal, um termo não muito comum lá. O link é http://afar.naissance.asso.fr/biblio-liens.htm
A orientação da AFAR é que todos os militantes que queiram participar: Divulgue a SMRN; leve informação as usuárias, gestantes e mães, consumidoras dos serviços de saúde; realize ações com indivíduos, grupos, ONGS, associações profissionais e instituições; Organize encontros, palestras, conferências e entrevistas no rádio, internet ou TV etc.

Assim gostríamos de compartilhar com todos que desejam apoiar essa ação, informações que podem ser úteis no momento de realizar qualquer bate-papo sobre o tema em sua comunidade, alunos, roda de amigos, parentes, vizinhos etc.


Aí vão alguns links com informações sobre o tema:


1. O que acontece na hora de um parto normal hospitalar:



2. Um documento elaborado conjuntamente revendo esta prática:



3. Uma entrevista com um pediatra neonatologista falando sobre o atendimento ao recém-nascido: http://www.amigasdoparto.org.br/2007/index.php?option=com_content&task=view&id=80&Itemid=75


4. Estudos científicos em medicina perinatal, a leitura é fácil!

4.1Atenção imediata ao recém-nascido:



4.2 A mãe e o bebê:



5. Artigos de Michel Odent sobre fisiologia do nascimento e implicações sociais:





6. Links de vídeos de partos que respeitam o vínculo mãe e bebê:





7. Alguns links que mostram alguns procedimentos com os bebês depois do parto:





8. Recomendações da OMS para o parto, muito lindo!

9. Um vídeo informativo sobre as discussões da semana mundial:

bom... acho que já temos bons elementos de discussão! MÃOS A OBRA!
aline de andrade


domingo, 23 de março de 2008

SOCIALIZANDO SABERES EM TORNO DO PARTO E NASCIMENTO


Socializando saberes em torno do parto e nascimento

O projeto mãe terra visa difundir por meios alternativos informação qualificada sobre os processos de gestação, parto e nascimento. Nosso objetivo é através da sensibilização levar discussões para grupo sociais excluídos das atuais possibilidades de se viver um experiência mais digna de nascimento aqui no Recife.
Hoje nosso país tem o título de campeão mundial de cesarianas, porém a grande maioria que utiliza o SUS ainda tem partos normais altamente medicalizados e violentos.

Queremos estimular e inspirar as mulheres a se reapropriarem do seus corpos através de discussões, informações e trabalhos de corpo, fazendo rodas de debates dentro das comunidades e incentivando a construção de grupos de grávidas autônomos que desenvolvam linhas de trabalho que enfoquem suas necessidades locais.
Acreditamos que todas as mulheres que tiveram uma experiência fisiológica e respeitosa de parto está capacitada a compartilhar seus saberes com outras mulheres.
Convocamos todas as/os interessados a fazerem parte desta luta por uma civilização de amor, através da "MAMIFERIZAÇÃO do parto", como fala Odent.

Aline de Andrade